Corvette Brasil

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sábado, 24 de abril de 2010

ZL1 1969: A lenda, a história e os fatos


Em 1969 a guerra da potência de motores (Horsepower wars) estava com gás total e cada fabricante Americano tentava construir um carro de fábrica com garantia e com a maior potência possível. A genialidade de Zora Arkus-Duntov produziu vários componentes de competição para o Corvette que depois seriam liberados ao mercado para consumidores. A opção L88 para o Corvette 1967 seria uma delas, tratava-se de um Big Block 427 de ferro fundido entre outras melhorias no carro. Um C2 1967 com um L88 é algo que vale muito no mercado de carros de coleção. Já até falamos do Corvette ZR-1 que usou várias melhorias herdadas do pacote L88.

Existem situações na história do automóvel que a lenda de um carro raro alcança porporções fora da realidade e esse é o caso do Corvette ZL1 de 1969. Devido à sua escassa existência, apenas 2 (ou 3) foram construidos, o ZL1 atingiu um status mitológico como carro esporte e objeto de arte. Como um verdadeiro unicórnio, com o passar dos anos, muitos acreditavam que o carro era capaz de atingir 320 km/h de velocidade final e fazer o quarto de milha em apenas 10 segundos. Apesar desses fiés admiradores do ZL1 possuirem estatísticas para comprovar sua fé e o fato da máquina em si ser um tremendo carro, nada disso passa sequer perto da realidade. Aliás em 1969, poucos carros senão algum conseguiriam tal performance. Devemos lembrar do Lamborghini Miura S e o Jota de 1969 assim como o Ferrari Daytona, ambos grandes carros esporte e verdadeiros super carros mas nenhum capaz de nada perto disso e o ZL1 muito menos. Devemos também notar que apesar do C3 parecer aerodinâmico (parecer aerodinâmico era a exata frase que Bill Mitchell dizia aos seus designers e a Larry Shinoda), na verdade tinha a aerodinâmica de um tijolo. Assim como o Miura, o C3 inicial ficava com a frente bem leve acima de 120 km/h mas ao contrário do Miura isso foi resolvido com os "guelras" cortadas atrás das rodas dianteiras (idéia de Duntov). Todos os C3 de série desde o 1968 já incorporavam a idéia de Duntov de forma que nenhum era instável em altas velocidades ao contrário do protótipo Mako Shark II.

A história do ZL1 é muito nebulosa e incerta já que apenas 2 (talvez 3) exemplares foram vendidos ao público, um cupê amarelo Daytona e um conversível automático (sim automático) laranja com as cores oficiais da Gulf (há também o branco de Utah). Mas o melhor disso tudo é que ambos os carros ainda existem então dá para saber um pouco mais sobre eles. Mesmo assim, ao contrário do L88 esses carros nunca foram testados verdadeiramente por uma revista especializada e por isso o mito cresceu durante os anos.

O mais interessante é que esses carros são chamados de ZL1. ZL1 é na verdade o motor que os equipa que era uma exótica peça de engenharia toda confeccionada em ligas leves e exóticas não apenas alumínio. Já o L88 tinha o cabeçote de aluminio mas seu bloco era de ferro fundido. O ZL1 era um Big Block como o L88, porém projetado com uso exclusivo para competições. Imaginem, na época o custo de um Corvette era de $4.000,00 Dólares e o motor ZL1, por si só, custava $3.000,00. Ainda como o ZL1 requeria outros ítens como suspensão, freios etc o custo final era de $6.000,00 sobre o preço do Corvette totalizando $10.000,00. O preço já era um grande inibidor para o público, uma vez que na época pagar $6.000,00 por um carro esporte já era muito. Além disso, a Chevrolet nem equipou o carro com aquecimento justamente porque queria se certificar que somente seria usado em pista por um comprador verdadeiramente entusiasta. O carro também não tinha rádio porque isso interferia com o seu distribuidor especial.

A história do motor ZL1 começou em 1965 quando um small block todo de alumínio foi desenvolvido para equipar os carros de corrida da equipe Chaparral que competiam na categoria Can-Am. Porém o projeto foi um fiasco porque o motor small block não era potente o suficiente para ser competitivo. Ainda as lições com o small block foram devidamente aproveitadas por Duntov com o espetacular ZR-1 C3.Dessa forma a equipe de pesquisa e desenvolvimento da Chevrolet decidiu desenvolver um motor mais potente e criaram o Big Block 427 Chaparral que estava disponível para quem quisesse comprar em 1968. Esse motor foi bem sucedido de forma que um sucessor foi criado: o ZL1 e sua primeira unidade foi terminada em Novembro de 1968.

Chaparral 2 de 1965

Aqui um Chaparral 2c/b em ação.

Mas não só o Corvette seria o carro escolhido para ter como opcional o motor ZL1, o Camaro também teve esse privilégio em 1969 quando a Chevrolet criou o Camaro COPO 9567 ZL1 que era basicamente um carro totalmente pelado feito para competição. A Chevrolet produziu dois COPO 9567 e nínguem sabe do paradeiro dos mesmo ao certo. A lenda diz que estão trancados em algum galpão da GM da mesma forma que a Arca da Aliança de Indiana Jones se encontra perdida num galpão do governo Americano. Ou seja, nínguem sabe dos Camaros. Ah sim, COPO é a sigla para Central Office Production Order, ou melhor: pedido especial para o escritório central da GM. Já dá para perceber que se trata de algo exclusivo.


Um Camaro 1969 bem parecido estéticamente com um COPO 9567 ZL-1


O Corvette ZL1 Daytona Yellow de Roger Judski (primeiro ZL1)


Roger Judski é um colecionador de Corvette sério e tem uma perspectiva única quando o assunto é a performance dos vários exemplares dentro da história do Corvette. Ele discute dos carros do passado com grandes motores com a mesma desenvoltura que fala dos modernos Z06. "A bomba de combustível do Z06 é cortada à 7.100 RPM. Não acredito como esse carro me trata em comparação com os carros antigos de alta performance." Diz Judski em tom negativo. Uma prespectiva realmente interessante. Para Roger, um dispositivo eletrônico não deve cortar o motor mas sim o piloto que tem ainda o direito de estourar gloriosamente o motor. E isso que aborrece Roger, não poder ter o direito de estourar o seu próprio motor.



Eis aqui um sujeito que é dono de um dos dois únicos (acredita-se) ZL1 de série produzidos, o carro que a Car and Driver apelidou em 1989 de "King of the Hill". Logo, questiono que será que realmente esse carro da década de 60 é ainda o Corvette mais rápido já produzido? Judski jura que o ZL1 é o mais rápido, e julgando pelas suas credenciais, é realmente notável que ele diga isso. Judski é o dono da Roger's Corvette Center que fica em Maitland na Flórida e trabalha com Corvettes desde 1965 sendo considerado um dos experts no assunto além de ser respeitado no mundo inteiro. E os Callaways e o ZR-1s C4 (que só foram produzidas 5.000 unidades)? Judski experimentou todos e ainda jura que o ZL1 é o Real McCoy.


Naturalmente, poucos são aqueles que experimentaram um ZL-, fica então complicado ir contra à opinião de Roger Judski.

Interior espartano do ZL1 em vinyl

Notem o sistema de fibra ótica no topo do console que foi retirado em 1972

Segundo Roger Judski, os Corvettes de ontem são mais rápidos que os Corvettes atuais e isso inclui outros carros além do ZL1. 9 dos 15 carros da sua coleção particular estão em exposição na sua loja. 4 são exemplares da era dos 427s entre 1966 e 1969, um super raro big-tank 1966 com 425 hp, um L88 1967 vermelho com preto (apenas 20 foram feitos), um L88 1968 e o ZL1 1969 amarelo das fotos. O ZL1 foi objeto do desejo de Judski por 11 anos até que Wayne Walker (da Zip Corvette), mostrou o carro ao público em 1980.


Esse ZL1 na cor Daytona Yellow com as exclusivas e únicas faixas (de fábrica) em preto foi originalmente construido para o gerente da linha de montagem, George Heberling. Herbeling rodou com o carro apenas 2.000 milhas antes de devolve-lo para a GM. Logo, o carro foi colocado à venda pela concessionária Hechler em Richmond Virginia. Na mesma noite que o carro foi vendido, o novo dono John Zagos, acelerou o carro demais e estourou uma vávlula.


A Chevrolet, aparentemente, trocou o motor ZL1 por um novinho sob garantia. Porém, a lenda diz que Zagos pegou o novo motor e o usou na sua lancha de corrida, enquanto que um 454 big block convencional foi colocado no Corvette que foi vendido para várias pessoas até que Walker o comprou. Mais tarde, um sujeito descobriu o motor novo ZL1 que a GM trocou e ligou para Walker. Na sequência, a oficina renomada Nabors Brothers de Houston Texas, restaurou o carro de forma impecável e Walker vendeu o carro para um sujeito endinherado de Miami.


Os agentes Federais do Governo Americano apreenderam o ZL1 amarelo em 1990 de um cidadão chamado Richard Joseph Lynn que foi indiciado por tráfico de cocaína e sentenciado por prisão perpétua sem condicional. Então o governo leiloou o carro para os agentes federais e público em 11 de Outubro de 1991 na Flórida. O leiloeiro Terri Goveia queria começar o lance mínimo em meio milhão de Dólares, mas por fim foi forçado à começar com $50.000 sendo que Judski acabou adquirindo o carro por apenas $300.000. Hoje o seu ZL1 único não tem preço. Um tremendo investimento com retorno mais do que garantido.


O plano de Judski com relação ao ZL1 é simples: Ficar com o carro até o final da vida. O carro já é de sua propriedade nos últimos 19 anos sendo um carro de 41 anos de idade. Ele diz: "O ZL1 1969 é o Corvette de série mais rápido já produzido." Segundo o historiador de Corvettes, Karl Ludvigsen, o ZL1 é capaz de fazer o quarto de milha em 11 segundos. Já Judski diz entre 11 e 12 segundos.


Curiosamente, Judski nunca dirigiu o seu ZL1 (não sei se acredito nisso). Então, como ele pode afirmar a performance do carro? A razão é ciêntificamente lógica : O ZL1 era uma versão em liga leve e almumínio do poderoso L88 feito de ferro. Judski conhece bem o seu L88 1968 e portanto, considerando que o motor do ZL1 é 45 Kgs mais leve que o L88 de ferro, tem que pelo menos oferecer a mesma performance do L88. A fábrica classificava oficialmente o motor ZL1 como sendo de 430 hp. Mas todos sabem que a política da GM na época era ser muito conservadora por questões de seguro. Portanto, na prática, o ZL1 tem na verdade 560 hp, sendo 55 hp mais que o Corvette Z06 atual. Ainda sim, menos que o ZR1 atual com seus 638 hp.



Naturalmente com o novo ZR1, o ZL1 1969 deixou de ser teoricamente o Corvette mais potente já produzido. 1969 foi um ano interessante para os Muscle cars Americanos. Frases como "There is no substitute for cubic inches" e "They go 'til they blow!" são sagradas e repetidas até hoje.

O carro vinha sem rádio de propósito. O distribuidor não iria funcionar com o rádio.


Um detalhe: as fotos em maior resolução do ZL1 foram tiradas por Judski em pessoa (há algum tempo atrás) que as nos forneceu com prazer.


O ZL1 roadster Laranja Goldmine de John Maher (segundo ZL1)


O segundo ZL1 foi "encontrado" recentemente, digo veio a conhecimento público há pouco tempo.

Sua história começa com John Maher da cidade de Leechburg, Pennsylvania que é um entusiasta de carros de competição. O primeiro carro da sua vida foi um Chevy Biscayne 1962 lightweight com motor 409 que ele comprou do dealer local: West Penn Garage. Ele pagou as prestações do carro ganhando dinheiro em rachas de rua.


Uns anos mais tarde, através do amigo Don Yenko (legendário dono de concessionária e famoso pelos Yenko Camaro), John ficou sabendo do esforço de Duntov para ajudar pilotos independentes com produtos Chevrolet por debaixo do pano (havia um acordo de cavalheiros entre as montadoras de não participarem de competições oficialmente). Na época Maher era patrulheiro do estado da Pennsylvania (um policial) e resolveu entrar na brincadeira. Ele comprou um C2 Sting Ray big tank HD 427 (na verdade um C2 L88) e foi correr nas competições locais e provas de aceleração mas também usava o carro na rua. Mais tarde, esse carro foi vendido para um amigo.


Em 1968 ele comprou um outro C2 L88, dessa vez um roadster azul da mesma concessionária: West Penn Garage. Depois de se divertir com o carro pelas pistas locais, ele o trocou por um novo ZL1. Nessa época não havia a internet, e poucas pessoas sequer sabiam que existia o Corvette L88 quanto menos o ZL1. Apenas entusiastas e pessoas próximas à GM, como Don Yenko, tinham conhecimento disso. Naturalmente a amizade com Yenko foi muito bem aproveitada por Maher e assim ele colocou o pedido na fábrica para um ZL1 que ele quis que fosse equipado com transmissão automática! John queria o carro apenas para competir e portanto me estranha esse pedido de transmissão automática assim como estranhou a própria GM na época.


Depois de pacientemente esperar várias meses e nada, John descobriu que ainda não iria receber o carro porque o tinha pedido com transmissão automática. Para convencer a GM e apressar o processo (digo aceitar e iniciar), o seu patrocionador Gulf Oil, escreveu uma carta a GM explicando o porque a transmissão automática era necessária e assim a GM resolvou processar o pedido pois até então não havia feito nada. O carro foi fabricado em Dezembro de 1968 (modelo 1969). Eu ainda não descobri porque que a transmissão automática era tão necessária para Maher mas hoje chego a suspeitar que se tratava de um problema físico dele.

Estranhamente, depois de receber o ZL1 com muito custo, Maher retirou o motor e colocou um L88 (aliás vários) que lhe foram fornecidos pela Gulf Research e foi competir com o carro. Por isso, as cores do carro que eram as cores clássicas da Gulf. No final da temporada de 1972, o carro foi guardado porém com o motor ZL1 original colocado no lugar. E assim o carro ficou por anos, sua existência era apenas conhecida pelos amigos entusiastas e colegas de pista mais próximos.


Em 1988 um amigo do John (também piloto) ligou para ele e perguntou se ainda tinha o ZL1 laranja da Gulf. O amigo era o Tony Faulk da Corvette World de Greensurg Pennsylvania. Tony sugeriu à John levar o carro ao famoso show de anual Corvettes, o Corvettes at Carlisle.

Finalmente, em 1989, John resolveu tirar o carro da hibernação e prepara-lo para o Corvettes at Carlisle. Porém o motor não funcionou e assim foi desmontado. Uma vez aberto, ficou claro a causa do problema: um rato construiu um ninho em um dos blocos do cilindro. Por sorte, John tinha um L88 guardado da época da parceria com a Gulf. Assim o instalou no carro e continuou correndo em demonstração de carros antigos e levando o carro aos shows até 2002. Em 2002 uma vávula do L88 quebrou travando o motor.

Mas como a brincadeira estava boa, John resolveu reconstruir o motor ZL1 original e fazer um segundo motor ZL1 para usar no carro. O amigo de longa data, Jim Evanuak, reconstruiu o ZL1 original e um novo. O original está guardado numa caixa enquanto o segundo motor foi instalado no carro.

John também mudou os adesivos que tinham os patrocinadores originais no carro já que boa parte não existe mais. Os novos adesivos que estão no carro são uma homenagem às empresas e amigos que o ajudaram à restaurar: Corvette World, Evanuak Performance Engines, Keddie Chevrolet, Kiski Valley Upholstery, Bill Andreko Restorations e InSinOut estão agora estampadas no carro como dá para ver em algumas fotos.

O carro, hoje, ainda é mostradado ao público seja em eventos de carros antigos e até em provas de aceleração e pistas espalhadas pelos Estados Unidos.

Mas como todo o carro clássico e histórico nesse caso, alguns detalhes são muito importantes. Por isso John guardou o recibo de compra original assim como o adesivo do tanque que mostra a opção do motor ZL1, o câmbio automático M40 assim como todo o resto da documentação de fábrica original do carro. Isso prova que o ZL1 de Maher é realmente genuino.

Até agora, temos provas concretas que o ZL1 de Judski e Maher são ambos genuínos. A GM não tem, infelizmente, o registro de todos os carros e muitos concessonários não guardam recbidos de vendas antigos. Então o que vale mesmo é o tank sticker (um adesivo colocado no tanque quando o Corvette era fabricado com todos os opcionais que o carro recebeu originalmente), o window sticker (um papel colocado nos vidros, com preço especificações técnicas e opcionais como se vende carros nos EUA) e o recibo de venda do carro. Dessa forma, chegamos ao nosso terceiro ZL1. O fantasma branco de Utah!

Terceiro ZL1, o fantasma branco de Utah.


Muitos acreditam que apenas 2 ZL1s foram produzidos. Como toda a afirmação, quando chega no ouvido das pessoas é às vezes um pouco distorcida. Acredita-se que a frase correta seria: Apenas 2 ZL1s foram oferecidos ao público. Então, podemos concluir duas possibilidades:

1) O primeiro ZL1 Daytona Yellow não é considerado público porque foi vendido à um funcionário da GM. Então o carro de Maher e de Utah são os únicos dois oferecidos à publico.

2) O segundo ZL1 Goldmine Orange da Gulf não é considerado público porque foi feito para uma empresa que patrocinava um piloto semi-professional. Então o ZL1 de Judski e o de Utah são os únicos dois vendidos à público.

O fato é que existe um terceiro ZL1. Esse carro branco das fotos foi entregue novo numa concessionária Chevrolet de Salt Lake City em Utah (amigos por favor não riam, é verdade). Os registros do Bureau NCIB mostram ser verdade. NCIB é o National Credit Information Bureau e é uma organização governamental. O primeiro dono do carro foi Jack Cheskaty. Atualmente, Cheskaty é o diretor do departamento do tesouro Americano responsável pelos distrito dos 5 estados da região das Rocky Mountains, incluindo Utah.


Jack contou a sua experiência como dono de um ZL1 original de fábrica. "O meu carro era realmente o ZL1, no window sticker estava especificado assim como no preço que era mais que o dobro de um Corvette normal." Jack inclusive mandou uma carta juramentada para o club do Corvette local onde assinou ser isso verdade. Quem vai discutir com o diretor do IRS, não é mesmo? A única decepção que ele tem é não ter mais o carro já que ele sabia que hoje seria algo praticamente sem preço e de muito valor. jack não tinha idéia do valor histórico que seu carro teria no futuro.

Depois de ter curtido muito o carro por 1 ano e meio, nas pistas de drag racing locais, Jack resolveu vender o carro em 1970. A última vez que viu o carro (pouco depois de vende-lo), esse já não era o mesmo. Estava agora totalmente modificado, com pintura de labaredas de fogo nas laterais, tanque especial e todos os acessórios de competições possíveis de se instalar num Corvette.


O carro desapareceu até 1978 quando Jack escreveu uma carta para o editor da Vette Vues, Errol McCoy contando a sua história do ZL1 e os pesadelos que o assombravam de noite. A carta de Jack à McCoy foi publicada na Vette Vues em 1978 e então se iniciou uma verdadeira cruzada ao carro por todo o território Americano. O carro foi finalmente encontrado pelo entusiasta Dick Ferrando que localizou o segundo dono e conseguiu os registros de licenciamento do carro junto ao DMV (Detran Americano). Existe um histórico completo do carro começando com Jack Cheskaty até os dias de hoje, cortesia do DMV.

Um dos capítulos interessantes da história desse carro é uma cópia do contrato entre Jack Cheskaty e a equipe local Woody Walcher & Associates. Woody Walcher também testemunhou por escrito que o carro era de fato um ZL1 de fábrica original. Existem fotos originais do ZL1 de Jack pela equipe Cheskaty na época que competia nas provas de aceleração de 1969 e 1970. O apelido do carro nessas provas era "Predator".


Atualmente, o ZL1 está completamente restaurado exatamente como foi entregue à Jack. Além do motor ZL1, o carro está com os freios hidráulicos (J50), o sistema HD de freios (J56), a suspensão escpecial (F41), o transistor da ignição (K66), o diferencial Posi (G81), a transmissão Muncie de 4 marchas (M22), os pneus com faixas vermelhas F70x15 e os vidros verdes (A01).

O carro foi certificado pela Bloomington Gold como sendo original e saiu em várias revistas e livros. Revistas como a Motor Trend, Corvette Fever, Vette Vues, Classic Auto Restorer, Corvette Quarterly, Vette, Musckecars. Os livros foram: Automobile Quarterly, Corvette-The Complete Illustrated History, Corvette-Americas Sports Car e American Muscle.


Ao que parece, houveram mesmo 3 ZL1s. O que vocês acham?

Pequenos prazeres

O ZL1 de Roger Judski é talvez o ZL1 mais famoso, mesmo porque foi o primeiro e também foi o primeiro carro a ser devidamente mostrado à público. Por causa disso, a Hotwheels fez uma série especial homenageando o carro na escala de 1:18. Dessa forma, nós mortais podemos ter um ZL1 uma vez que o original esta fora do alcance. A réplica da Hotwheels é muito bem feita, eu recomendo que se você encontrar uma a compre porque foram feitas muito poucas deles também.







Uma das coisas mais gratificantes de um Blog é a qualidade dos seus leitores, eis que um dos leitores do Corvette Brasil nos requisitou informações sobre o Corvette ZL1. Coinscidentemente tínhamos um texto para sair, ainda em rascunho. Sendo assim, vamos compartilhar com todos o que conhecemos sobre o ZL1 a pedidos do leitor Fábio (call sign : Road Runner).

O texto que vocês acabaram de ler é fruto de uma pesquisa que comecei em 2005 junto com os colegas da NCRS. Li vários artigos sobre os carros e tentei obter fotos do mesmo. Estou trabalhando nesse texto desde Outubro de 2009 e somente agora deu para termina-lo.

5 comentários:

Road Runner disse...

Scheidecker,

O texto ficou perfeito, um verdadeiro estudo da história do mais raro dos Corvettes! Se hoje completar o quarto de milha em 11 segundos é algo digno de nota, imagine o que isso representava em 1969...

Impressionante como todos os 3 ZL1 continuaram "vivos" por pouco, pois todos tiveram seus motores substituídos por outros mais comuns. Essa do ninho de rato num dos cilindros é de doer! Tanto lugar para o bicho morar e resolve escolher justamente um ZL1 para isso? Mas ainda bem que conseguiram recuperar os carros em sua forma original. Fico imaginando como deve ser incrível possuir um ZL1 desde sua fabricação, caso do ZL1 laranja, de John Maher. Só "estraga" o tal do câmbio automático...

Mas tirar um motor ZL1 de um Corvette para colocar numa lancha?! Sacrilégio!!!

Obrigado pela citação a mim ao final do post e por nos presentear com texto tão primoroso.

Abraço!

VAMODOIDO disse...

Sensacional essa história hein! Já conhecia um pouco sobre Corvettes raros... Mako Shark, SS, GS, etc.. Mas não imaginava que esse ZL1 fosse tão raro a ponto de ter sido produzido apenas 3 unidades! Inclusive já vi uma miniatura 1/18 Hot Wheels do amarelinho e nem dei muita bola. O material do blog ta cada vez melhor.

Lawrence Jorge R S disse...

Show! Só um aficcionado é capaz de escrever esse artigo!

Anônimo disse...

Estou de queixo caido.
Sem palavras.

Ed

Anônimo disse...

Graças às informações de seu blog, tive a oportunidade de vê-la ao vivo. Impecável!